sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O QUE SÃO AS TECNOLOGIAS SOCIAIS (TS)??

Esse é um tema bastante interessante e que vem ganhando espaço nas Universidades bem como nas comunidades, que são o público alvo das ações dos gestores de TS. São muitas abordagens a respeito do tema, mas uma que eu considero adequada está disponível na Rede de Tecnologia Social (RTS), através do link http://www.rts.org.br/rts/tecnologia-social/tecnologia-social:

"Tecnologia Social compreende produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que represente efetivas soluções de transformação social."

É um universo fantástico para quem gosta de trabalhar com projetos que transformam a vida das pessoas para melhor. Um exemplo de trabalho como esse é o desenvolvido pelo SASOP (Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais), disponível em http://www.sasop.org.br/, localizado em Camamu-Bahia, mas atende outros municípios da região baixo-sul da Bahia. Um dos projetos, entre outros, é o trabalho da com as mulheres do assentamento Dandara dos Palmares, zona rural de Camamú-Ba. As mulheres atendidas pelo projeto aprenderam a cultivar a terra através do manejo agroecológico, sem uso de agrotóxicos, sem queimadas, utilizando o potencial da terra sem agredí-la. Através disso, elas puderam complementar a renda familiar e conquistaram independência financeira, sem falar que participam de feiras e eventos fora da sua comunidade, permitindo a socialização entre as produtoras de todos os locais. O Sasop fornece o suporte necessário para o aprendizado sobre as técnicas e ainda assiste as produtoras por determinado tempo para garantir que a técnica dê certo e possa ser implementada em outros locais.

São inúmeros os exemplos de Tecnologias Sociais que mudaram uma situação ruim. Elas podem estar presentes em todos os setores da sociedade, seja na educação, saúde, moradia, alimentação, entre outros. As cisternas pré-moldadas, que ajudam a combater a seca nas regiões semi-áridas do Brasil e o soro caseiro, que combate a desidratação, são exemplos de tecnologias sociais, com características simples, de baixo custo, que pode ser produzida em larga escala, aplicadas em todo território nacional e que visam a melhoria da qualidade de vida da população. Isso é Tecnologia Social. É importante também saber que essas idéias são pensadas por pessoas comuns, que convivem diariamente com esses problemas. O conhecimento que a população acumula a respeito do seu local e habitat é fator primordial na busca de soluções através das Tecnologias Sociais. Assim, a população sempre será co-autora das melhorias que são implementadas em sua comunidade ou meio.


Por Lene Bispo

RESENHA SOBRE SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL.

Resenha sobre o texto:  Fases e tendências no debate sobre políticas públicas de segurança no Brasil. Denis Mizne. IN: .Bacha, Edmar Lisboa; Schwartzman, Simon (organizadores). Brasil: a nova agenda social. Rio de Janeiro: LTC, 2011. Capítulo 5. p335-344. 
Disponível: http://www.schwartzman.org.br/simon/agenda15.pdf.





O debate sobre as formas de se combater a violência no Brasil tem se aprofundado nas esferas acadêmicas, através de pesquisas e estudos realizados. Entretanto, esse debate deve se estender com urgência as esferas governamentais e sociais. O autor do texto, Mizne, faz uma importante contribuição, através do seu artigo, para essas discussões a respeito das medidas preventivas que devem ser tomadas no combate a violência no Brasil. Mizne traça uma trajetória do crescimento da prática de crimes a partir da década de 80, onde pode se perceber o crescimento da violência na região sudeste. Nesse período, começam a surgir ongs e instituições que procuram conscientizar e prevenir a violência, porém, a agenda de segurança pública ainda estava pautada nos direitos humanos, o que impedia algumas atitudes coercitivas contra o crime. A mídia tem um papel importante nesse processo, pois, tornou-se responsável por divulgar massivamente a imagem do Brasil violento. Na década de 90 grupos acadêmicos e da sociedade começam a entender que a agenda da segurança pública deveria ser novamente articulada. Como resultado disso surgem algumas mudanças como a criação de delegacias nos moldes das atuais UPP's e o mapeamento de crimes em tempo real. O ano 2000, é marcado pelo amadurecimento das medidas tomadas anteriormente, esgotando o debate improfícuo de velha direita e velha esquerda, ou seja, embates partidários a respeito de como tratar o assunto. Posto isso, o autor expõe aquilo que ele entende como medidas iniciais para que o quadro de violência seja modificado no país:
  • - Focar ações em territórios mais afetados;
  • - Voltar a discussão de temas como reforma do sistema prisional e  a legalização de entorpecentes;
  • -Colocar a sociedade no centro desses debates;
  • - Qualificar as polícias;
  • - Vontade por parte dos governantes em resolver a questão de fato;
  • - Estabelecer parcerias entre polícia e política;
  • - Não confundir pobreza com marginalidade;
  • - Melhorar o aparato técnico da polícia, possibilitando a coleta de dados sobre os crimes;
  • - Monitorar e avaliar programas preventivos;
  • - Aprimoramento do controle de armas no país;
  • - Separação total das polícias civis e militar;
  • - Reforma das carreiras policiais;
  • - Retomar as prisões para os estados, tirando-as das mãos dos criminosos;
  • - Estimular audiências dentro das cadeias, evitando gastos com deslocamento de presos, tornando o processo mais célere e;
  • - Criar um sistema de ouvidoria do sistema prisional para evitar abusos por parte dos agentes públicos.
De acordo com o autor, essas são medidas consideradas necessárias para que haja uma mudança considerável no quadro de violência no qual o Brasil se encontra.  Todos os setores dos sistemas judiciário e prisional apresentam falhas graves, criando brechas para a manutenção da impunidade e equívocos.Essas não podem ser consideradas medidas simples, pois necessita que haja um compromisso por parte da sociedade, polícia e governantes que muitas vezes possuem interesses discordantes. 

Por Lene Bispo.